Quando se decida comprar dois ou mais canários (nunca um, porque, como já dissemos, esses pequenos animais não resistem à solidão) deve escolher, é claro, a raça que melhor corresponda às nossas necessidades pessoais e, chegado o momento da compra, é necessário verificar o estado de saúde das aves. Na escolha não há que deixar-se levar pela inclinação pessoal para determinada raça de canários, mas é preciso ter em conta, principalmente, a experiência no campo da canaricultura. Os principiantes deveriam começar a atividade com uma raça rústica de fácil criação, deixando para mais tarde, isto é, quando já tenha adquirido a experiência suficiente, as raças mais selecionadas e, por conseguinte, mais delicadas.

A aquisição de canários de raça comum faz-se nas lojas de venda de pássaros e de outros animais de companhia. Escolha um estabelecimento muito limpo e arrumado e recuse aqueles em que se respira uma atmosfera rarefeita e no qual as aves estão amontoadas em gaiolas sujas, que denotam negligência do comerciante para com a sua mercadoria viva.

Raças valiosas

As raças mais valiosas, no entanto, não são normalmente encontradas nos estabelecimentos de venda de animais. A aquisição destes canários deve realizar-se nas correspondentes exposições-venda organizadas a quando das manifestações ornitológicas, ou em algum aviário de criação, cujo contacto se tenha obtido através de anúncios colocados na imprensa especializada, ou nos boletins dos clubes e associações.

Antes proceder à aquisição de exemplares de raças valiosas, será conveniente informar-se sobre os preços de mercado dos canários escolhidos. A informação pode ser conseguida junto de criadores experientes e, logicamente, desinteressados, através de informações em publicações de ornitologia e em recentes exposições e concursos que se realizam periodicamente. Conversando com os expositores podem adquirir-se conhecimentos de grande utilidade, tanto no que diz respeito à aquisição, como à organização da reprodução que pretende iniciar.
 

Estado de saúde

No momento da compra, além de se assegurar que as características da ave correspondem, pelo menos em parte, ao exigido pelo padrão da raça, certifique-se que as aves desfrutam de excelente saúde, o que é válido tanto para as raças de grande valor, como para exemplares mais comuns adquiridos nas lojas de aves. Um canário que goze de saúde tem que ter uma plumagem lisa, ordenada e aderente (à exceção, é claro, de raças frisadas), olhos brilhantes, perfeitamente redondos e movimentos vivos. As pernas não devem ter escamas grosseiras, espessas ou levantadas (um sinal de velhice ou más condições de criação), não lhe deve faltar nenhum dos dedos e estes não devem estar torcidos (exceto as unhas saca-rolhas, típica da raça frisado-parisiense). Deve ser também verificado se o animal não apresenta uma respiração fatigada, com o bico entreaberto, e de vez em quando, não emita rouquidão ou tosse da garganta, sintoma evidente de infeções no sistema respiratório. Na ausência destes sintomas, pode confirmar-se aproximando o pássaro do ouvido: se a respiração é sibilante, a causa deve ser atribuída a uma doença respiratória.

Gaiolas

Recomendamos, por fim, que não compre mais canários do que aqueles que é possível acomodar confortavelmente na gaiola disponível. É preferível ter poucas aves, livres para se moverem à vontade numa gaiola espaçosa, do que muitos pássaros, amontoados num espaço insuficiente. Poucos exemplares bem alojados vivem bem, são mais atraentes e requerem muito menos trabalho, ao contrário do que ocorre quando, levado pelo impulso do momento ou pelo entusiasmo excessivo, o amador adquire um número de exemplares desproporcionado em relação à sua disponibilidade de espaço e tempo.
 

Vendas de canários

Falemos agora das vendas. Mesmo as pessoas que têm alguns casais de canários por puro hobby, terão, em determinado momento, caso tenham dado oportunidade aos pássaros de se reproduzirem, a necessidade de vender alguns dos exemplares sobrantes. Por norma, estas pessoas acabam por oferecer as aves a familiares ou amigos, cometendo com elas um duplo erro. Em primeiro lugar, não respeitam o interesse dos pássaros, porque muitas vezes as pessoas que os recebem como um presente, fazem-no porque se trata de uma oferta e, uma vez terminado o interesse inicial, descuidam-nos e provocam-lhes a morte, confiando-os às crianças como se de um brinquedo se tratasse. Às vezes libertam-nos, sem pensar que, para canários habituados há séculos a viver em gaiolas, a liberdade equivale a morte certa. Em segundo lugar, dado que a criação de aves envolve certos custos e alguma perda de tempo, não parece lógico desistir de um pequeno rendimento com a venda dos exemplares restantes.

Se os canários são vendidos aumenta a probabilidade destes serem confiados a pessoas cuidem bem deles, dado que quem está disposto a fazer um sacrifício económico para os ter, oferece mais garantias de seriedade neste sentido e o vendedor recupera, pelo menos em parte, os gastos que teve na sua manutenção. Quem não tenha fins económicos, pode fazer um acordo com alguma loja de venda de animais propondo a troca dos canários por produtos que se encontrem à venda na loja (sementes, acessórios, etc.) sendo esta transação vantajosa para ambas as partes, dado que o comerciante, que paga os produtos a um preço muito inferior ao da venda ao público, se mostrará mais inclinado a beneficiar o criador, cotando melhor os exemplares que venda.

Aqueles que desejem obter benefícios financeiro deverão ter em conta o que é dito no capítulo sobre a reprodução de canários.

Tradução exclusiva desta página do livro
"El gran libro de los canarios"
da Editorial De Vecchi

Notas: texto com a grafia do Acordo Ortográfico
As fotografias são do criador PFreixo,
especializado na criação de Arlequim Português