O canário selvagem é verde raiado de preto ou castanho. As
penas da cabeça, dorso e lados têm veios escuros. As penas das asas e cauda são
escuras. As cores escuras provêm de duas substâncias corantes chamadas melaninas, que
estão armazenados nas células das penas sob a forma de grãos. Onde estes grãos estão
mais juntos, as penas são mais escuras, e mais claras quando estão menos juntos.
Os
tons pretos são dados por pequenos grãos castanho - escuro ou preto que se chamam eumelaninas.
Os tons castanhos provêm de grãos castanho chocolate ou castanho-amarelado, que se
chamam phaeomelaninas.
Comparativamente ao pássaro domesticado, o canário selvagem tem igualmente riscas ao
longo do corpo, pretas-acinzentadas e acastanhadas.
Nos canários selvagens é mais notória a diferença de sexos.
As cores dos canários são definidas, pois, por dois grupos de cores:
as "cores gordurosas",
e as "cores melânicas".
As "cores gordurosas" ou
"cores lipocrómicas" devem-se às caratinóides que aparecem nas plantas
verdes. Os pássaros absorvem estas substâncias na alimentação e o organismo
transforma-as em "cores gordurosas", que são levadas pelo sangue para as penas.
Isto acontece apenas no período da mudança de penas, por isso é particularmente
importante que neste período os animais comam vegetais, para poderem adquirir uma bonita
e boa cor, principalmente nos canários de factores amarelo e vermelho. Quando a mudança
das penas está passada, a alimentação deixa de ter influência nas substâncias
gordurosas.
A substância gordurosa (cor - base) é amarela no canário verde. Uma
mutação faz com que á substância gordurosa se torne numa cor - base branca, da qual os
canários acinzentados (antes considerados azuis), assim como brancos ou em parte brancos,
provêm.
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A mesma mutação, que permitiu a cor - base amarela
transformar-se em branca, pode ser transferida, através de cruzamentos, para outras
mutações, dando canários castanhos, ágata e isabel. Uma terceira cor é a vermelha,
mas, ao contrário do que acontece com a branca, não é conseguida através de mutação,
mas por cruzamento com uma outra espécie, cardeal vermelho - Spinus cucullatus -
da Colômbia e Venezuela. A finalidade deste cruzamento era obter um canário vermelho o
que até certo ponto foi conseguido.
As cores escuras ou cores melânicas têm
influencia não só no padrão (riscas), nomeadamente das penas das asas e da cauda, mas
também na cor - base. Ao contrário do que acontece com as cores chamadas gordurosas, a
alimentação não exerce nenhuma influência sobre as cores melânicas. O branco da
cauda, assim como partículas amarelas nas penas menores, aparecem através de
mutações.
A escolha destes pássaros coloridos permite o aparecimento dos
canários matizados de amarelo e amarelos lisos. Nos canários coloridos, as melaninas não se espalham
regularmente por toda a plumagem, mas parece que preferem partes definidas: cabeça, à
volta dos olhos, peito, lados, dorso, pescoço e penas exteriores da cauda.
No interior da sua plumagem existem muitas variações que vão
desde o verde com uma ou apenas algumas penas de cor clara até ao amarelo liso com apenas
algumas penas escuras.
Existe ainda um factor muito raro - factor óptico
"azul" - que tem influência nas células das penas. Ele transforma a cor
amarela em amarelo - limão, com um brilho esverdeado, cinzento - ardósia para azul
metálico, e faz com que os pássaros vermelhos tenham uma cor mais intensa.
Dentro da cor amarela, podem-se constatar dois matizes
diferentes, provocados por diferentes estruturas de penas. Um deles é amarelo - vivo, e
outro amarelo-claro. Actualmente estas diferenças chamam-se, respectivamente, intensiva
e não-intensiva. Os pássaros de cor intensiva são aparentemente mais
pequenas e elegantes, o que se deve ao facto de a plumagem ser mais fina e menos cerrada
do que nos pássaros de cor não - intensiva. Nestes, as penas são largas e a cor - base
não chega a atingir os rebordos das penas.
Nos pássaros de factores amarelo e vermelho, os rebordos das
penas são brancos, o que faz a plumagem parecer salpicada de geada. Por isso é comum
chamarem-se, em inglês, "frosted". Esta estrutura de penas
também se encontra em todas as outras cores, mas é mais visível nos pássaros de cor -
base amarela ou vermelha. Nos pássaros não - intensivos de cor verde, os rebordos das
penas são cinzentos. Nos de cor - base branca, é mais difícil separar intensivos e não
- intensivos. |
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Uma terceira cor "gordurosa", chamada "mosaico",
aparece com mais realce nos pássaros de factor vermelho. Nos pássaros -
"mosaico", a plumagem é amarela - esbranquiçada, mas com uma base vermelha
mais intensa no ângulo dos olhos, no pescoço e no peito. Esta cor aparece quase
exclusivamente nas fêmeas e é herdada dos pais deste pássaro vermelho, do canário
selvagem verdelhão - capuchinho, onde, exactamente nas fêmeas, as partes mencionadas
acima têm uma cor mais profunda e intensa. O padrão "mosaico" também se pode
encontrar noutras cores, não sendo porém tão evidente. Os machos "mosaico"
são muito raros e as suas cores não são tão pronunciadas como nas fêmeas do mesmo
tipo. As regras genéticas destes canários ainda não se podem considerar completamente
esclarecidas. |
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