Qualquer pessoa, logo que pense em fazer criação de canários, começa a tentar
compreender algumas regras básicas para o acasalamento destas aves. Devo desde já
adiantar que esta não é uma área muito fácil de entender visto a genética ser uma ciência bastante
complexa e em evolução. De qualquer forma, mesmo pequenos conhecimentos, são excelentes
para a criação de canários. Para começar, penso que será benéfico clarificar alguns
termos utilizados: Gene - Factor de transmissão de
carácter es
hereditários constituindo uma unidade independente.
Genótipo - Totalidade de genes, composição hereditária de um
indivíduo, através da herança paterna e materna.
Fenótipo - Aspecto determinado pelo genótipo e por modificações
eventuais (por exemplo derivadas de condições ambientais).
carácter hereditário - Qualquer característica de um ser vivo
susceptível de ser transmitido à sua descendência.
A herança genética , genótico, de um indivíduo já se encontra no ovo. O ovo
resulta de união do espermatozoide (com a herança genética do pai), com o óvulo (com a
herança genética da mãe). Essa informação genética encontra-se em cromossomas.
Quando os genes (um do pai e outro da mãe), que determinam um carácter são iguais
estamos perante uma situação de Homozigotia.
Quando os genes (um do pai e outro da mãe), que determinam um carácter são diferentes
estamos perante uma situação de Heterozigotia.
Num caso de heterozigotia o filho apresenta, ou o carácter do pai, ou o
carácter da mãe,
ou apresenta uma situação nova resultante de combinação dos genes do pai e da mãe. Se
apresenta o carácter do pai dizemos que esse carácter é dominante e o da
mãe é recessivo. Dizemos ainda que esse filho é portador
do carácter recessivo da mãe, porque o tem no seu genótipo mas não se manifesta. Se o
que surge é uma mistura dos dois carácter es (do pai e da mãe) dizemos que não há
dominância.
Por vezes, a informação que um gene contém altera-se, passando a transmitir uma
informação diferente dando-se o que se chama uma mutação, aberração cromossómica ou
alteração genética. Estes acidentes genéticos, tais como alteração, eliminação,
duplicação, trissomia de par e "crossing-over" são bastante complexos não
cabendo tais explicações no âmbito deste pequeno texto.
O "crossing-over" permite obter canários Isabel cruzando canários castanhos
com Ágatas.
O sexo dos canários é também determinado pela combinação dos genes. Desta forma,
talvez seja possível entender-se os carácter es ligados ao sexo. Um macho
que possua um carácter ligado ao sexo pode dar origem a fêmeas que não o apresentem e a
machos que o apresentem. O macho pode ser Puro, Portador ou Normal a fêmea pode ser Pura
ou Normal. Nem todos os carácter es são ligados ao sexo.
Chama-se factor letal àqueles carácter es que quando se apresentam
em homozigotia (igual no macho e na fêmeas) conduzem à morte do embrião. Estão neste
caso duas situações bem importantes:
- carácter Branco-Dominante
- carácter intenso
Segue-se uma lista de factores dominante e recessivo:
Dominante |
Recessivo |
Oxidação |
Diluição |
Não Pastel |
Pastel |
Não Opal |
Opal |
Não Ino |
Ino |
Não Satinet |
Satinet |
Não Marfim |
Marfim |
Não Branco |
Branco |
Intenso |
Recessivo |
Eumelanina Negra |
Eumelanina Castanha |
Negros-Castanhos |
Castanhos |
Negros-Castanhos |
Ágatas |
Negros-Castanhos |
Isabelas |
Ágatas |
Isabelas |
Castanhos |
Isabelas |
Factores onde não se manifesta quanquer dominância:
Presença de refracção |
Ausência de refracção |
Presença de Melanina |
Ausência de Melanina |
Factor vermelho |
Factor Amarelo |
carácter es não ligados ao sexo:
O factor que determina a presença de melanina |
O factor Ino |
O factor de refracção |
O branco dominante |
O branco recessivo |
O factor Opal |
O factor intenso |
O factor amaleo e o vermelho |
carácter es ligados ao sexo:
O factor que determina a presença de eumelanina negra |
O factor determinante da diluição (Ágata-Isabel) |
O factor determinante do efeito pastel |
O factor marfim |
O efeito Satinet |
Exemplos práticos:
1 |
Acasalando un canário Amarelo Puro com canário Branco Recessivo,
obtêm-se exemplares amarelos portadores de Branco. |
2 |
Acasalando entre si, os canários resultantes do cruzamento anterior, têm
uma descendência 25% de Amarelos-Puros, 25% Brancos-Puros e 50% de canários Amarelos
Portadores de Branco. |
3 |
Do cruzamento de um canário de plumagem intensa e um nevado, dá origem a
50% de canários com plumagem intensa e 50% com plumagem nevada. |
4 |
A caslando dois canários nevados só terão filhos nevados. |
5 |
A união de dois canários intensos, dá 50% de exemplares com plumagem
intensa, 25% com plumagem nevada, e 25% de embriões mortos (factor letal). |
6 |
Do acasalamento de um canário com poupa com um canário de cabeça lisa,
dará origem a um número igual de canários com e sem poupa. |
7 |
Da união de dois canários com poupa, 50% terão poupa, 25% terão
cabeça lisa e 25% de embriões mortos. |
Regras para o acasalamento de canários com
factores ligados ao sexo.
1 |
Macho Puro x Fêmea Pura - Todos os descendentes são puros. |
2 |
M Puro x F Normal - 50% machos portadores, 50% fêmeas normais. |
3 |
M Portador x F Normal - 25% machos portadores, 25% machos normais,
25% fêmeas puras e 25% fêmeas normais. |
4 |
M Normal x F Pura - 50% machos portadores 50% fêmeas normais |
5 |
M Portador x F Pura - 25% machos puros, 25% machos portadores, 25% fêmeas
puras e 25 fêmeas normais. |
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